26 julho 2018

Meraki


Capítulo III


Admiração



 Não conseguia tirar os olhos dele, senti meu rosto queimar e as borboletas no estomago, eu estava me apaixonando outra vez.
 - Tudo bem Cibe? – Perguntou Camila tirando-me do devaneio.
 - Estou. – Respondi com um sorriso bobo, o que fez com que ela olhasse para a mesma direção que a minha. – Ele não é lindo? – Disse enquanto ela começou a rir.
 - Acho ele bonito?
 - Mas é claro. – Afirmei dirigindo meus olhos a ela.
 - É bonitinho. – Falou em um ar de riso.
 - Para mim ele é muito bonito. – Expôs e então percebi as outras meninas vindo em nossa direção.
Elas nos cumprimentaram e se sentaram intrigadas pelo que conversávamos.
 - A Cibe está apaixonada por aquele rapaz ali. – Disse Camila fazendo as outras 2 meninas olharem para ele.
 - O Levi? – Exclamou Alice me encarando.
 - Levi? Que nome diferente. – Refletiu Laura que estava ao meu lado. – Mas ele é bonitinho mesmo. – Concluiu.
 - Ele é uma graça de menino, dão certinho vocês. – Falou Alice me fazendo ficar roxa.
 - Conhece ele? – Perguntou Camila.
 - Claro, já faz uma semana que ele veio trabalhar aqui. Conversei com ele algumas vezes.
 - Como é que a gente nunca viu ele? – Perguntou Laura.
 - É que nas primeiras semanas ele ficou no período da manhã atendendo e a tarde ficava lá dentro ajudando. – Explicou.
 - Você gostou mesmo dele? – Indagou Laura olhando para mim.
 - Gostei. – Respondi voltando a olhar para ele enquanto todas riam.
 Depois de encontrar o que esperava ser meu príncipe as coisas mudaram. Camila, Laura e Alice viviam me chamando atenção quando ele estava por perto, riam de como eu ficava vermelha e tremula.
 Eu não conseguia para de olhar para ele enquanto estávamos na cafeteria, as vezes ele olhava pra minha direção e me deixava envergonhada, mas não tinha motivo pra isso, estava ciente e segura de que ele nem sabia quem eu era, afinal, um rapaz como ele, bonito, charmoso tem muito mais o que olhar do que uma baixinha, gorda e de cabelo colorido.
 As vezes enquanto o admirava pude presenciar algumas garotas paquerando ele, aquilo me deixava um pouco triste, mas o fato dele parecer não corresponder me dava mais esperança.


 Um mês havia se passado desde a primeira vez que o vi, estava fazendo minha rotina de sempre, as meninas haviam combinado de nos encontrar mais cedo para passar mais uma vez a apresentação do dia.
  Cheguei e elas já estavam sentadas no lugar de sempre, me sentei junto a elas e podia sentir algo diferente no ar.
 - E aí Cibe? – Alice disse.
 - E aí... – Respondi desconfiada.
 - Já faz um mês que você ta paquerando o Levi, porque não vai falar com ele? – Perguntou ela.
 - Eu? – Exclamei. Nunca tinha ´chegado` em um rapaz, sempre fui tímida e talvez por essa razão perdi muitas oportunidades, mas eu preferia só o admirar, morria de medo de ser rejeitada e muitas coisas mais apareciam na minha mente como uma lista da vergonha.
 - É, você. – Riu.
 - Nem pensar. – Rebati. – Não vou falar com ele. E se ele rir de mim?
 - Ele não vai rir.
 - Como sabe?
 - Porque eu falei de você para ele.
 - O quê? – Quase gritei. Minhas pernas tremeram e algo dentro de mim dizia que estávamos perdidos. Como ela pode fazer isso comigo? Todo esse tempo e ele sabia que eu estava olhando para ele. – Como pode fazer isso? Quer me matar de vergonha?
 - Calma, eu não falei quem você era, só comentei que uma das minhas amigas gostava dele.
 - Mas nem precisava falar é obvio que ele sabe que sou eu. – Disse em desespero.
 - Quer saber, porque você não pede o número dele? Conversam, é normal, se rolar uma química aí partem para outra etapa. – Expôs.
 - Nem pensar, cê ta louca? Eu não vou pedir o número dele.
 - Eu vou lá pegar para você então. – Laura manifestou pela primeira vez em toda a conversa.
 - Nem pensar. – Rebati.
 - Vou sim, vocês têm que arrumar isso de uma vez. – Disse se levantando.
 - Não faça isso, pelo amor de Deus. – Implorei em vão. Ela se levantou olhando para mim e foi até ele.


        Não sabia exatamente o que pensar da situação, não esperava que justamente a Laura fosse tomar essa atitude. Fiquei ali tentando analisar tudo que acontecia, ela chegou perto dele, disse algo que o fez virar, ficou sério e então um meio sorriso se formou naquela boca linda. Ele pegou o bloco de notas que ficava em seu bolso e começou a escrever.
        - Oh meu Deus, ela conseguiu. – Exclamei.
       - Grande coisa. – Repeliu Shin desgostoso.
      - Isso não é bom. – Sussurrou Dominique.
        Mesmo que não gostasse, a Senhora nesse momento estava sendo tomada pelas sensações e impressões de Dominique. Ele era responsável por nos manter ´seguros`, ele que impedia que fizéssemos algo de ruim, mas nesse momento ele estava passando dos limites.
      Laura pegou o papel enquanto dizia algo, ele sorriu novamente e voltou ao que estava fazendo. Ela caminhou sorrindo até seu lugar e então colocou o papel na mesa.
       - Não vamos pegar esse papel! Não vamos mesmo! – Ordenou.


 - Não vou pegar isso. – Disse ainda envergonhada.
 - Vai sim, eu fui lá. – Falou.
 - Nem pensar. Não vou mandar mensagem para ele! Ele que devia pedir o meu número.
 - Para de ser fresca Cibele. – Rebateu Alice.
 - O número está aí Cibe, é sua chance. – Expôs Camila.
 - Deixa aí, eu não vou pegar. – Conclui. – A gente não devia estar passando a apresentação?
 - Tudo bem. – Começou Camila. – Vou ficar com o número, se você mudar de ideia, me manda mensagem que te passo o número. Agora vamos a apresentação.
 - Ótimo. – Respondi agradecida por finalmente mudarmos de assunto.

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