Capítulo 1
O dia amanhecia e o sol mostrava seus primeiros raios de tímidos. O céu com pouca nuvem desenhava a manhã de Inazuma.
Nas ruas já começava um breve movimento e um jovem moreno anda apresado até uma mansão. Atravessa os portões da propriedade e se encontra tocando a campainha que ecoa pelo ambiente e passos podem ser ouvidos, a porta se abre lentamente e dá passagem a figura de um senhor, com roupas formais e cabelos brancos.
-Senhor Matsukage. – disse ele vendo o moreno sorrindo.
-Shindou está Robert?
-Mestre Shindou deixou claro que não quer receber visitas hoje.
-Hãm?! Por que? –o moreno diz impulsionando o corpo um pouco para frente e correndo os olhos no imenso saguão.
-Creio que o senhor sabe a razão. Hoje fazem 6 anos.
-E por isso estou aqui. Ele pretende ficar trancado o dia todo? – ele continuava a correr os olhos atrás do mordomo.
-Estou velho e se o senhor entrasse correndo e fosse até o quarto do mestre, não poderia fazer nada. –o mordomo disse sorrindo e dando uma pequena passagem para a direita, por onde o moreno passou correndo subindo as escadas, indo até o quarto.
POV Shindou Takuto
Hoje fazem 6 anos, 6 anos. Quem diria. Os 6 anos mais tortuosos da minha vida e em pensar que terão mais.
Lembrando das nossa primeira noite uma breve alegria me toma, mas que logo se passa. Todos os planos e sonhos... abandonados.
Depois daquele dia que voltei de Ottawa meu mundo acabou. O fato do pai de Kirino não me permitir ver seu corpo e fazer as devidas procuras me incomodou muito. Desde então contratei mais um detetive, Mello, que junto a Near estão procurando os culpados pelo acontecimento.
Hoje já fazem 6 anos e nem mesmo o dia tem respeito pelo meu sofrimento. Robert e os outros empregados estão cientes que não queria receber nenhuma visita ou telefonema. Estava deitado na cama lembrando o pouco de tempo que tivemos juntos e o quanto perdemos quando alguém bate na porta.
-Shindou, você está ai?
Ótimo. Tenma, agora não vou ter paz.
-Vá embora Tenma, Robert não falou que não quero receber visitas hoje?
-Ele disse, mas não ligo. Vou entrar.
-Vá embora...
Me levantei a tempo de vê-lo entrando sem fechar a porta.
–Vamos Shindou, levanta.
-Vai embora Tenma. – disse voltando a deitar e observar o teto.
-Vai ficar ai o dia todo?
-Esse é o plano.
-Oras, o dia está lindo e você ai com essas cortinas fechadas e deitado na cama.
-A Tenma, não estou com animação.
-Vamos sair. Anda. Levanta. – ele veio até mim puxando os cobertores.
-Não quero Tenma. –ele já estava me irritando ao extremo. –Me deixa!
-Não foi você quem morreu Shin...
Não notei quando meu braço se levantou. Só me dei conta quando ele me olhou assustado com seu rosto vermelho.
-Tenma ... – disse baixo, podia ver seus olhos marejados.
-Quer saber Shindou? Cansei. Faça o que quiser. Morra também, eu não ligo mais. Já tentei de mais.
-Tenma ...
-Não quero saber.
Ele saiu pisando fundo, podia ouvi-lo descendo as escadas. Sei que fui errado e o que ele queria era me animar, mas, não estava a fim.
Depois de um tempo ouvi alguém subindo, com certeza era Robert.
-Mestre Shindou?!
- O que é? – estava sentado na cama quando ele entrou.
-Uma ligação para o senhor.
-Já não deixei claro que não queria receber nada?
-É da filial da corporação da Inglaterra.
-O que ele quer?
-Quer falar com o senhor.
-Sobre?
-Ele disse que gostaria que o senhor fosse a Londres, encontraram um aluno surpreendente, e gostariam que o visse antes de tomarem as devidas atitudes.
- O que? Eu? Para Londres? Mande que ele venha. – disse o olhando descrente.
-Seria complicado, já que talvez o aluno não poderá vir. Mestre. Acho que deveria ir ver o que Myselfly quer. Será bom para o senhor.
O que Robert disse fazia sentido. Depois do que houve, agora seria melhor mesmo viajar e pensar um pouco mais.
-Londres. – disse encostando meu tronco no colchão. – Ligue para Filiphe e avise que estou indo.
-Sim senhor.
-Ligue também para Jarbas, vou estar pronto em 15 minutos e pretendo sair em meia hora.
-Sim senhor, mas alguma coisa?
- Agora é só.
-Mestre Shindou.
Ele disse saindo e fechando a porta.
Me levantei e segui mesmo descalço para o banheiro. Retirei peça por peça e adentrei o box. Levei a mão até o cilindro e o girei para a esquerda. A água gelada começou a cair sobre meu corpo, o que me causou um breve arrepio , que logo desapareceu com a temperatura da agua se aquecendo.
Enquanto a agua quente caia do topo da minha cabeça e escorria até o chão meus pensamentos eram levados a Londres. Quem seria esse aluno que fez Filiphe me pedir a ir até tão rápido?
Acabei o banho e sai do box para me secar. O fiz e segui até o quarto para começar a me arrumar. Sigo para o armário, o abro, pego uma calça jeans, blusa azul escura, um blazer com um terno preto. Os visto e coloco meu tênis, logo pude ouvir os passos de Robert subindo as escadas, a casa ficava tão vazia sem a voz dela.
-Mestre Shindou.
-Entre. – disse e logo ele entrou no quarto.
-Jarbas já foi avisado, ele já está seguindo para o aeroporto.
-Ótimo.
-Quando o senhor quiser o carro já está pronto para sair.
-Certo. – disse e me levantei, algumas gotículas de agua ainda escorriam pelo meu rosto, peguei a toalha e o sequei mais um pouco. Segui ao banheiro e penteei meu cabelo, quando sai Robert já estava com as malas prontas.
-Quando fez isso Robert ?
-Enquanto estava no banho mestre. Pronto?
-Sim.
Disse e seguimos, o carro já nos esperava e seguimos para o aeroporto onde o jato já me esperava, entrei a bordo e seguimos para Londres.
Depois de algumas 4 ou 5 horas chegamos no destino. Era hora do almoço e me encontraria com os filiais no restaurante. Já estava sentado em uma mesa quando vi Filiphe e Benjamin chegarem, eles me cumprimentaram e sentaram.
-Senhor Shindou. – ambos me cumprimentaram. –É um prazer imenso conhece-lo.
-Digo o mesmo. – disse voltando a me sentar.
-Pedimos desculpas por tê-lo incomodado tão repentinamente. –Filiphe disse. Ele era um homem de pele clara, cabelos loiros e olhos verdes claros, estava sentado a minha frente.
-Não tem problema Filiphe, desde que valha a pena. –disse o olhando serio. Percebi o garçom se aproximar, fizemos nossos pedidos e ficamos um tempo em silêncio. Já fazia muito tempo que não vinha a Londres, é uma cidade muito bonita. –E então? Como é esse aluno? –disse e os vi se olharem.
-Bom... na verdade ´´ele`` é ´´ela``. – o moreno ao lado de Filiphe se pronunciou.
-Ela nos surpreendeu senhor Shindou. Nos surpreendeu.
-Uma garota. O que ela toca de mais?
-Isso que é a surpresa. Ela toca tudo.
-Tudo? – disse olhando Benjamin, um jovem de pele morena e cabelos negros lisos, seus olhos eram castanhos.
-Sim senhor. –ele respondeu.
-E o que deram para ela tocar.
-Simplesmente tudo. Desde um pandeiro até um piano e saxofone, e ainda rege magnificamente.
-Quantos anos ela tem?
-Tem 6 anos senhor.
- 6 anos? As inscrições começam a partir dos 3 anos, então foram apenas 3 anos que ela está junto a nós?
-Na verdade não senhor. – Filiphe disse receoso. – Ela está conosco desde o começo da semana. – impossível, o que Filiphe havia dito era impossível. Como uma criança de 6 anos pode tocar tudo isso.
-Como assim? Passaram apenas 3 dias desde o começo da semana. Estão brincando comigo? No mínimo para uma pessoa poder tocar todos estes instrumentos levaria anos. A menos que ...
-A menos que ela seja uma exceção, um gênio. – Filiphe disse me olhando.
-Senhor Shindou posso garantir que quando a ouvir vai entender do que estamos falando. Ela vem tentando nos mostrar isso a um bom tempo, mas sempre achamos que era só blefe. Essa segunda ela veio e decidimos lhe dar uma chance, foi quando nós surpreendemos.
-Talvez ela tenha feito lições pela internet. Hoje em dia podem fazer qualquer tipo de aula grátis online. – Benjamin disse. –Mas talvez ela seja um gênio nato, a primeira a se destacar na corporação.
-Os outros alunos ... – disse ainda pasmo pelo que ouvia.
-Eles ainda não desenvolveram nada de mais, não como essa garota.
O assunto parou por ali. Fiquei mudo, poderia ser mesmo, mas e se não fosse nada do que eles pensavam? Nossa comida logo chegou. Comemos em silencio. Se essa menina fizesse o que eles falam, seria excelente para a corporação. Dispararíamos no ramo e muito pais apreciadores de musica clássica confiariam seus filhos a nós. Seria maravilhoso.
Com esses pensamentos terminamos de comer, pagamos e seguimos para a sede. Filiphe ligou para a garota que aceitou ser ouvida por mim, logo ela estaria ali. Em quanto a esperávamos, andei pela escola. Estava impecável. Alguns alunos tinham aula no momento. Tínhamos cerca de 2 mil 517 alunos matriculados e em ativa, mas nenhum deles se destacou. Era estranho isso.
No final acabamos indo para uma sala onde guardavam uma variedade de instrumentos, seria excelente para a avaliar. Conversávamos sobre as financias quando pode ouvir alguém bater na porta. Benjamin se prontificou e abriu a porta.
Uma figura pequena adentrou, me causando uma sensação estranha, pude sentir meu coração disparar e uma breve falta de ar me tomou enquanto a via entrar.
Continua...
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